A matéria publicada em 29/09/2012 e assinada
pelo Merval Pereira, articulista do
jornal O Globo teve como tema a pesquisa realizada pela MACROPLAN, empresa especializada em estudos de cenários a longo prazo, sobre os efeitos da distribuição dos royalties do petróleo entre
as 25 cidades do Estado do Rio de
Janeiro(16) , Espirito Santo (5) e São Paulo(2). Estas cidades, juntas,
recebem 70% daqueles recursos. Na ultima década 2000-2010 isto alcançou o
montante de R$ 27 bilhões. Ainda que o crescimento econômico destas cidades esteja na sua melhor fase, isto não se
refletiu nos indicadores sociais.Vejam que o PIB em 18 das 25 cidades (72%) estudadas cresceu mais que o PIB do seu
Estado. O crescimento demográfico vigoroso mas esperado, na maioria
dos municípios e a necessidade de uso do setor público, em especial, saúde, educação e saneamento, além de
dificultar o caminho do desenvolvimento, trouxe os efeitos colaterais
relacionados a deterioração urbanística, aumento do trabalho informal e má
distribuição de renda. Os números indicam que
naquela década, 9 dos 25 municípios (36%) tiveram uma expansão de 100% na taxa de habitação subnormal. Nos demais a taxa foi menor. A Segurança Pública em cerca de 52% dos
municípios tiveram taxas de homicídios acima da média dos seus respectivos
estados. Búzios, Cabo Frio, Linhares e Paraty entre elas. Alguns municípios
registraram queda no IDEB, índice educacional. A taxa de analfabetismo entre
pessoas com mais de 15 anos, medida pelo Censo do IBGE de 2010 mostrou que 20
das 25 cidades (80%) registraram media de analfabetismo superior aos seus respectivos estados. Parece
que a maldição do petróleo tomou conta destes municípios. Este é um fenômeno
registrado nas principais economias produtoras de petróleo do mundo A Venezuela, os países produtores
da África e o Oriente Médio são exemplos desta “maldição”. Nestes países, a produção de petróleo é controlada
pelo Estado. O povo é pobre e analfabeto. A exceção são os EUA cuja exploração, produção e distribuição estão
nas mãos do setor privado. A semelhança observada nas cidades estudadas foi o
incremento de 74% de emprego na máquina
pública, mais do dobro da média brasileira e longe dos setores carentes como saúde e educação. As despesas de pessoal e custeio
dobraram em termos reais enquanto os investimentos cresceram apenas 24%. Mas apesar
disso, a taxa de desemprego é bastante elevada nestas cidades, maior que a
média brasileira. Em 2010, 17 dos 25 municípios , o percentual de pessoas na
condição de pobreza extrema era mais alto do que a média dos seus estados. 41 mil pessoas
apresentaram renda inferior a R$ 70 reais e quase 200 mil renda inferior a R$
127 reais. A pesquisa termina informando
que com menos de 1% do volume anual de royalties seria possível erradicar a pobreza extrema.
Podemos inferir mais uma vez o equivoco de se dar dinheiro sem contrapartida. A
segunda conclusão é que o Estado brasileiro como gestor estratégico está no mesmo patamar da
África, Venezuela e Oriente Médio. A última conclusão é que o ESTADO, qualquer que seja ele, é péssimo gestor.
domingo, 30 de setembro de 2012
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