A QUEDA

A declaração do cartola causou espanto e indignação. Cada poltrona rangeu com o mexe mexe dos ocupantes, impedidos pela farda de manifestações mais calorosas. Percebia-se pela reação o amor que a brasileirada tem por ele. Era o ano de 1999.
“- Acredito que o Maracanã devesse ser demolido...”
Enfim senti-me acompanhada e sorri divertida. Penso frequentemente nesta possibilidade quando distraída, esqueço que é quarta-feira em dia de jogo – pego o caminho de sempre e pronto - paro no engarrafamento de carros e homens. A maioria, fantasiada com as camisas dos times que estarão no gramado naquela noite, fitinhas na cabeça e bandeiras esvoaçando, muitos deles com crianças pela mão, caminhando pela rua, levam a loucura as pessoas que voltam para casa depois de um longo dia de trabalho. Carros praticamente abandonados nas ruas em volta, estacionamento de até três filas. Raiva e medo se misturam diante daquele espetáculo. Nestas horas, sempre passa pela minha cabeça a implosão do monstrengo, símbolo do fracasso do futebol brasileiro em uma decisão tão esperada como a de 50. Em casa! Imperdoável. Só por isso devia ser varrido do mapa. Construído em uma região de bom acesso naquela época, hoje está no caminho de todos os tijucanos e vizinhos que seguem pela Radial Oeste, causando uma série de transtornos em seus arredores em dia de evento.
A declaração de um cartola famoso, citando como exemplo o estadio de Wembley, demolido duas vezes, voltou nesta manhã quando na academia, fazendo uma corridinha leve na esteira, escutei na TV o anuncio do evento do POLICE, o conjunto do vocalista mais engajado na causa indigena que conhecemos, o lourinho Sting, no "maior estádio do mundo"...
Fiquei imaginando a loucura que será, 80 mil pessoas esperadas. Parece ate jogo do Flamengo.
Ultimamente ando mais animada - a escolha do Brasil com sede da Copa de 2014 pode ser a motivação para implosão do atual estádio do Maracanã. Nem que seja para construir outro no mesmo lugar porém mais moderno e adequado as necessidades urbanas da cidade.