domingo, 26 de outubro de 2008
EDUCAÇÃO FAZ A DIFERENÇA
Em 28 de Agosto de 2008 foi publicada uma matéria no Jornal O Globo sobre o que representa a educação em uma eleição. Os autores, doutorandos em Economia na Universidade de Harvard Igor Barenboim e Leonardo Bursztyn concluíram que indivíduos menos abastados e com menor escolaridade tendem a apontar a Educação com menor prioridade do que indivíduos mais ricos. Gastos com assistencialismo são os mais valorizados por esta faixa. A teoria econômica explica que a menor liquidez ou falta de recursos dos menos abastados os empurra a votar no assistencialismo. Outra interpretação, esta na linha psicológica, é que o que é bom para si pode se perpetuar. Esta dissonância cognitiva implica que os menos educados também acreditam que seus filhos não necessitam se educar.As analises da eleição em 2004 apurou que os municípios pobres o prefeito que aumentou gastos com assistencialismo em detrimento aos gastos com Educação teve maiores chances de se eleger ou fazer seu sucessor. Já em municípios ricos, investimentos em Educação trouxe sucesso nas urnas. Por fim foi verificado que em paises pobres, mais democracia implica em menos investimento em Educação. Em paises ricos, mais democracia é mais investimento em Educação. A analise destes dados indica que a crença defendida por alguns autores e partidos políticos de que as elites se apoderam do poder e previnem que os mais pobres tenham acesso a ele não é verdadeira, não se adequa a realidade. Na verdade apesar da Educação ser dever do Estado, e direito de todos, os menos abastados não a transformam em voto nas urnas. Este mecanismo faz com que os municípios mais pobres continuem pobres criando um obstáculo a redução da desigualdade. Programas como o bolsa escola são um exemplo de solução pelas condições impostas para ser merecedor do auxilio. Os pobres se interessam porque é um beneficio assistencial e os ricos desejam que os pobres estudem para compor uma mão de obra qualificada e aumentar a massa trabalhadora reduzindo salários. Nesta eleição que acaba de ser encerrada no Rio de Janeiro com a vitória do Eduardo Paes por apenas 55 mil votos, cabe ressaltar que foi a vitória dos menos escolarizados, foi a vitória da zona oeste(sem a Barra da Tijuca), e dos bairros pobres e de péssimos índices de desenvolvimento. O que podemos concluir disso? Que os pobres e sem escolaridade são em maior contingente que os escolarizados e abastados? Ou que receberam uma ajudinha dos analfabetos políticos e com visão suburbana" para elegerem um candidato visivelmente refém do governador, do presidente, e ate mesmo do bispo e do tal cimento social? Para se eleger, aceitou a paternidade do governador do estado cuja maior política é o enfrentamento com traficantes e as UPAs onde os médicos não aparecem, aliou-se aos vereadores associados a milícias e a um bispo da Igreja Universal, e por ultimo a aliança espúria com o presidente da republica cujo busca pelo apoio envergonharia qualquer pai tamoio. As promessas de campanha do prefeito eleito também são assustadoras. Promessas sobre o funcionalismo público municipal e a ampliação dos benefícios merecem atenção especial. Também as promessas sobre as VANs e o transporte de massas devem ser acompanhadas pela sociedade. E nós, o que podemos fazer? Esta na hora de fazermos alguma coisa. Não bastou fazer campanha na INTERNET. Atingimos apenas um contingente esclarecido que já pensa grande. Precisamos atingir os menos esclarecidos, precisamos levantar das nossas cadeiras em nossas salas com ar refrigerado, em frente a um laptop ultimo tipo, precisamos ir aos lugares em que possamos abrir "corações e mentes" para o futuro. Não adianta reclamarmos dos problemas municipais e não participarmos efetivamente da solução destes problemas. Procure a sua associação de bairro, ou da sua rua. Não existe? Crie uma. Participe das reuniões, opine, não se omita. Caso contrário, estaremos condenados a eleger prefeitos que não nos representam e darão continuidade a políticas assistencialistas, alianças espúrias e proteção a segmentos da sociedade que gostaríamos de ver longe da nossa cidade.
sábado, 14 de junho de 2008
OUTONO
Foi correndo ver a amiga que tinha retornado de uma viagem de 3 meses. Havia viajado as vésperas da Semana Santa e o almoço tradicional de domingo de Páscoa, frequentemente na sua casa, tinha sido transferido para um restaurante qualquer. A família e os amigos tinham ficado um pouco surpresos com a súbita partida mas já sabiam que uma pessoa querida estava precisando de sua presença e que ela andava aflita para ir vê-la. Só não esperavam que fosse deixar a todos na mão e viajar antes do almoço tradicional.
Enfim, tinha dado tudo certo, o esperado tumulto existente nestes dias nos restaurantes da cidade tinha sido afastado - quanto mais caro o local da reserva, menos risco de sentir o stress provocado pela multidão das churrascarias e restaurantes menos "vips". Foi um almoço muito divertido com novos personagens e sem que nenhuma das mulheres tenha precisado encostar no fogão - terror das presentes.
Chegou lá pelas oito da noite para um jantarzinho informal. A amiga tinha telefonado e combinaram só as duas para colocar o papo em dia. Notou imediatamente alguma coisa diferente - e não era plástica não. Esta tinha sido feita 6 meses antes em São Paulo, longe das bisbilhotices das menos amigas. Agora o resultado da cirurgia estava pronto, o inchaço das faces havia desaparecido completamente e as manchas suaves que permaneceram por vários meses também. Até a postura estava mais elegante. Fisicamente estava muito bem para uma mulher de quase sessenta anos. Magra, elegante e alegre,muito alegre. Daquela alegria transmitida pelos olhos, aquela que vem da alma. E do coração.
A faceirice típica das pessoas recém apaixonadas estava nos comentários e atitudes de Catarina. Impossível não perceber. Parece que os apaixonados fazem questão de mostrar ao mundo o seu estado "amoroso". Na idade madura, então, e principalmente quando a personagem do enredo é mulher, a emoção fica quase incontrolável. Não basta vivenciar um amor maduro, tem que publicar no Jornal Nacional.
E era isto que se desenrolava na sala naquele momento. Entre um e outro drink, uns retratos desengavetados com almoços e jantares de viagens com amigos, palavras irônicas e azedas contra o próprio marido, a trama evoluía para o clímax - a confissão de um caso. O nome para os advogados é adultério, para os filhos a expressão usada é " minha mãe ficou doida". Os maridos usam expressões menos sociais: vagaba( para os fãs de Caetano), traidora ( para os de Nelson Gonçalves), piranha ( para os de Zeca Pagodinho) e fdp para os autênticos.
O objeto da paixão da amiga aparecia em várias fotografias. E ate dava para entender a animação de Catarina. As fotografias eram antigas, apenas uma era recente. O namorado era bem bonitão, agora um pouco grisalho mas ainda em forma. Segundo suas inconfidências, estava em forma também sob outros os ângulos....
Catarina nasceu no interior de Goiás e veio para o Rio de Janeiro com 16 anos. Foi morar com uma tia, em um subúrbio do Rio. Estudava e trabalhava e uma botequim servindo café. Desde mocinha, sua inteligência e graciosidade conspiravam para sacudir os preconceitos de sua época e se lançar em um mundo mais sofisticado. Conheceu um sueco que fazia estágio no Brasil e se apaixonaram. Casaram e foram morar na Suécia por uns tempos. Começou a trajetória de sucesso de Catarina que soube aproveitar as oportunidades que surgiam. Trabalhou como modelo fotográfico, aprendeu sueco e francês, estudou arte, aperfeiçoou sua cultura incompleta pelo contexto de sua juventude pobre. E foi em frente. O casamento ia bem, teve 3 filhos, um em cada lugar da América do Sul. Seu marido era um bem sucedido executivo de uma multinacional sueca e ia para onde mandava a matriz da empresa. Foram tempos de esplendor e desperdício. Festas maravilhosas, passagens aéreas para as amigas mais chegadas, e pobres, irem vê-la na Argentina, Colômbia ou México.
Então voltaram para o Brasil, após quase 25 anos de mudanças de um lado para o outro. A casa onde foram morar era cinematográfica, no Alto da Boa Vista. Como boa irmã que sempre foi, reunia os parentes e as amigas mais chegadas aos domingos para comer churrasco na beira da piscina. Mas nunca misturava as ricaças com este grupo. Os mundos eram diferentes e não deviam se encontrar.
Após um investimento desastroso em um negócio pouco promissor, veio a falência para o marido e toda a família. As queixas se tornaram freqüentes e constrangedoras, feitas em encontros que eram para ser agradáveis e terminavam com as pessoas se despedindo rapidamente para evitar participar da troca de acusações e serem chamadas a depor para um dos lados. Alguns anos de dívidas para pagar, nome sujo na praça, sem cartão de credito e talão de cheques, o casamento começou a fazer como o Titanic. Afundou rapidamente. E o que era para ser um belo conto de fadas com o "felizes para sempre", virou uma novela de livro de bolso.
Foram vivendo juntos tal e qual as pessoas fazem quando se acostumam com a infelicidade e preferem continuar infelizes a se aventurar ao desconhecido. Além disso, tem os filhos que são um peso muito grande neste tipo de decisão. Envolve-los em disputas conjugais não é justo. E o fato é que o marido já não era bom para ela mas continuava amado pelos filhos . E amizade por uma pessoa não acaba porque ela foi a falência, o amor sim. E a vida seguiu em frente.
Ate que aconteceu a viagem da Semana Santa e o novo amor.
O que a amiga de Catarina percebia era a emoção de uma adolescente e não de uma mulher madura. Ficou surpresa com a descoberta de que, sim o amor na idade madura existe. A emoção, mesmo a atividade frenética que ataca jovens apaixonados, havia atacado Catarina. Não a via assim animada há muito tempo. E até imprevidente. O celular presenteado pelo amante, com torpedos apaixonados, estava displicentemente descansando na mesa em frente ao sofá. A amiga ficou horrorizada: - Catarina, você enlouqueceu? Quer que as crianças vejam isto? ( as "crianças"tem 32, 30 e 26 anos, todos do sexo masculino). E Catarina, indiferente respondeu que eles não mexiam nisso. E logo em seguida emendou: - O Beto queria que eu emprestasse o celular para ele hoje pela manhã (Beto é o filho caçula de 26 anos).
O jantar estava delicioso como sempre que Catarina se dispunha a cozinhar. Era dessas pessoas que tem o dom. Não tem medida para nada, tudo no olho. Quem pensar em ficar ao seu lado enquanto cozinha para aprender os segredos perde tempo. Não existe segredo, só um talento natural para a gastronomia.
Sentaram a mesa, sempre caprichada como fazia questão, e Catarina não parava de falar no Friederick. Estava realmente apaixonada e embora não declarasse planos para o futuro estava claro que esperava que alguma coisa espetacular fosse acontecer na sua vida em breve.
O amante era também sueco, havia trabalhado junto com o Curd, o marido, em uma das empresas multinacionais para qual havia servido. Na época, fizeram uma boa amizade, as famílias se conheceram e desde então quando Catarina viajava para ver a família do marido na Suécia sempre se encontravam. Na ultima viagem, aconteceu o romance inesperado, sem nenhuma premeditação. Mas estava ficando serio a cada dia que passava. Pelo menos para Catarina. O caso clássico de romance entre amigos muito íntimos.
A grande notícia veio junto com a sobremesa. Neste quesito, Catarina gostava de servir sorvete de frutas, habito adquirido pela freqüência com que recebia visitas estrangeiras. Achava de "bom tom" apresentar frutas brasileiras aos amigos suecos.
"- Vou morar na Suécia por uns tempos. Curd arrumou um novo emprego nos Estados Unidos e acha que devo morar em Estocolmo, a proteção social lá é maravilhosa e podemos desfrutar de algumas vantagens que não temos no Brasil. Achei ótimo pois o Friederick ia me mandar uma passagem para eu ir por uns tempos para lá. Estava pensando como explicar esta despesa. Agora não preciso inventar mais nada. Curd está me mandando para lá e como ele ainda é o meu marido, o assunto esta resolvido. Não é engraçado?".
A amiga não achava tão engraçado assim. Pensava como mulher racional que era, que havia muito risco nesta brincadeira. E tinha sim uma certa crítica em relação aos atores envolvidos - o amigo do marido? O marido da amiga, na casa onde se hospedava? Aquilo não estava certo ainda que compreendesse as razões e as circunstancias do episódio.
Finalmente o jantar acabou e as amigas se despediram. Helena se sentiu na obrigação de alertar a amiga sobre a necessidade de manter segredo do caso mesmo para as amigas mais chegadas e aparentemente mais modernas. Expressou sua opinião de maneira delicada, sem conseguir contudo esconder o que pensava sobre o fato de ter um caso com um amigo da família. Lembrou a Catarina, que estas amigas que hoje a tinham em boa imagem, mudariam rapidamente quando soubessem do caso, a ameaça de uma amiga com poucos escrúpulos morais é imediatamente reconhecida pelo grupo. E afastada do convívio. Catarina deu de ombros e adotou a falsa postura de mulher solitária e assediada que não conseguiu resistir. Helena conhecia aquela encenação e não insistiu. Conhecia Catarina e sabia que aquilo ainda ia render boas conversas com detalhes picantes e confissões em voz baixa. Deu mais um abraço na amiga, recomendou novamente discrição e foi-se embora para sua casa, para o marido e para estabilidade de seu casamento.
Enfim, tinha dado tudo certo, o esperado tumulto existente nestes dias nos restaurantes da cidade tinha sido afastado - quanto mais caro o local da reserva, menos risco de sentir o stress provocado pela multidão das churrascarias e restaurantes menos "vips". Foi um almoço muito divertido com novos personagens e sem que nenhuma das mulheres tenha precisado encostar no fogão - terror das presentes.
Chegou lá pelas oito da noite para um jantarzinho informal. A amiga tinha telefonado e combinaram só as duas para colocar o papo em dia. Notou imediatamente alguma coisa diferente - e não era plástica não. Esta tinha sido feita 6 meses antes em São Paulo, longe das bisbilhotices das menos amigas. Agora o resultado da cirurgia estava pronto, o inchaço das faces havia desaparecido completamente e as manchas suaves que permaneceram por vários meses também. Até a postura estava mais elegante. Fisicamente estava muito bem para uma mulher de quase sessenta anos. Magra, elegante e alegre,muito alegre. Daquela alegria transmitida pelos olhos, aquela que vem da alma. E do coração.
A faceirice típica das pessoas recém apaixonadas estava nos comentários e atitudes de Catarina. Impossível não perceber. Parece que os apaixonados fazem questão de mostrar ao mundo o seu estado "amoroso". Na idade madura, então, e principalmente quando a personagem do enredo é mulher, a emoção fica quase incontrolável. Não basta vivenciar um amor maduro, tem que publicar no Jornal Nacional.
E era isto que se desenrolava na sala naquele momento. Entre um e outro drink, uns retratos desengavetados com almoços e jantares de viagens com amigos, palavras irônicas e azedas contra o próprio marido, a trama evoluía para o clímax - a confissão de um caso. O nome para os advogados é adultério, para os filhos a expressão usada é " minha mãe ficou doida". Os maridos usam expressões menos sociais: vagaba( para os fãs de Caetano), traidora ( para os de Nelson Gonçalves), piranha ( para os de Zeca Pagodinho) e fdp para os autênticos.
O objeto da paixão da amiga aparecia em várias fotografias. E ate dava para entender a animação de Catarina. As fotografias eram antigas, apenas uma era recente. O namorado era bem bonitão, agora um pouco grisalho mas ainda em forma. Segundo suas inconfidências, estava em forma também sob outros os ângulos....
Catarina nasceu no interior de Goiás e veio para o Rio de Janeiro com 16 anos. Foi morar com uma tia, em um subúrbio do Rio. Estudava e trabalhava e uma botequim servindo café. Desde mocinha, sua inteligência e graciosidade conspiravam para sacudir os preconceitos de sua época e se lançar em um mundo mais sofisticado. Conheceu um sueco que fazia estágio no Brasil e se apaixonaram. Casaram e foram morar na Suécia por uns tempos. Começou a trajetória de sucesso de Catarina que soube aproveitar as oportunidades que surgiam. Trabalhou como modelo fotográfico, aprendeu sueco e francês, estudou arte, aperfeiçoou sua cultura incompleta pelo contexto de sua juventude pobre. E foi em frente. O casamento ia bem, teve 3 filhos, um em cada lugar da América do Sul. Seu marido era um bem sucedido executivo de uma multinacional sueca e ia para onde mandava a matriz da empresa. Foram tempos de esplendor e desperdício. Festas maravilhosas, passagens aéreas para as amigas mais chegadas, e pobres, irem vê-la na Argentina, Colômbia ou México.
Então voltaram para o Brasil, após quase 25 anos de mudanças de um lado para o outro. A casa onde foram morar era cinematográfica, no Alto da Boa Vista. Como boa irmã que sempre foi, reunia os parentes e as amigas mais chegadas aos domingos para comer churrasco na beira da piscina. Mas nunca misturava as ricaças com este grupo. Os mundos eram diferentes e não deviam se encontrar.
Após um investimento desastroso em um negócio pouco promissor, veio a falência para o marido e toda a família. As queixas se tornaram freqüentes e constrangedoras, feitas em encontros que eram para ser agradáveis e terminavam com as pessoas se despedindo rapidamente para evitar participar da troca de acusações e serem chamadas a depor para um dos lados. Alguns anos de dívidas para pagar, nome sujo na praça, sem cartão de credito e talão de cheques, o casamento começou a fazer como o Titanic. Afundou rapidamente. E o que era para ser um belo conto de fadas com o "felizes para sempre", virou uma novela de livro de bolso.
Foram vivendo juntos tal e qual as pessoas fazem quando se acostumam com a infelicidade e preferem continuar infelizes a se aventurar ao desconhecido. Além disso, tem os filhos que são um peso muito grande neste tipo de decisão. Envolve-los em disputas conjugais não é justo. E o fato é que o marido já não era bom para ela mas continuava amado pelos filhos . E amizade por uma pessoa não acaba porque ela foi a falência, o amor sim. E a vida seguiu em frente.
Ate que aconteceu a viagem da Semana Santa e o novo amor.
O que a amiga de Catarina percebia era a emoção de uma adolescente e não de uma mulher madura. Ficou surpresa com a descoberta de que, sim o amor na idade madura existe. A emoção, mesmo a atividade frenética que ataca jovens apaixonados, havia atacado Catarina. Não a via assim animada há muito tempo. E até imprevidente. O celular presenteado pelo amante, com torpedos apaixonados, estava displicentemente descansando na mesa em frente ao sofá. A amiga ficou horrorizada: - Catarina, você enlouqueceu? Quer que as crianças vejam isto? ( as "crianças"tem 32, 30 e 26 anos, todos do sexo masculino). E Catarina, indiferente respondeu que eles não mexiam nisso. E logo em seguida emendou: - O Beto queria que eu emprestasse o celular para ele hoje pela manhã (Beto é o filho caçula de 26 anos).
O jantar estava delicioso como sempre que Catarina se dispunha a cozinhar. Era dessas pessoas que tem o dom. Não tem medida para nada, tudo no olho. Quem pensar em ficar ao seu lado enquanto cozinha para aprender os segredos perde tempo. Não existe segredo, só um talento natural para a gastronomia.
Sentaram a mesa, sempre caprichada como fazia questão, e Catarina não parava de falar no Friederick. Estava realmente apaixonada e embora não declarasse planos para o futuro estava claro que esperava que alguma coisa espetacular fosse acontecer na sua vida em breve.
O amante era também sueco, havia trabalhado junto com o Curd, o marido, em uma das empresas multinacionais para qual havia servido. Na época, fizeram uma boa amizade, as famílias se conheceram e desde então quando Catarina viajava para ver a família do marido na Suécia sempre se encontravam. Na ultima viagem, aconteceu o romance inesperado, sem nenhuma premeditação. Mas estava ficando serio a cada dia que passava. Pelo menos para Catarina. O caso clássico de romance entre amigos muito íntimos.
A grande notícia veio junto com a sobremesa. Neste quesito, Catarina gostava de servir sorvete de frutas, habito adquirido pela freqüência com que recebia visitas estrangeiras. Achava de "bom tom" apresentar frutas brasileiras aos amigos suecos.
"- Vou morar na Suécia por uns tempos. Curd arrumou um novo emprego nos Estados Unidos e acha que devo morar em Estocolmo, a proteção social lá é maravilhosa e podemos desfrutar de algumas vantagens que não temos no Brasil. Achei ótimo pois o Friederick ia me mandar uma passagem para eu ir por uns tempos para lá. Estava pensando como explicar esta despesa. Agora não preciso inventar mais nada. Curd está me mandando para lá e como ele ainda é o meu marido, o assunto esta resolvido. Não é engraçado?".
A amiga não achava tão engraçado assim. Pensava como mulher racional que era, que havia muito risco nesta brincadeira. E tinha sim uma certa crítica em relação aos atores envolvidos - o amigo do marido? O marido da amiga, na casa onde se hospedava? Aquilo não estava certo ainda que compreendesse as razões e as circunstancias do episódio.
Finalmente o jantar acabou e as amigas se despediram. Helena se sentiu na obrigação de alertar a amiga sobre a necessidade de manter segredo do caso mesmo para as amigas mais chegadas e aparentemente mais modernas. Expressou sua opinião de maneira delicada, sem conseguir contudo esconder o que pensava sobre o fato de ter um caso com um amigo da família. Lembrou a Catarina, que estas amigas que hoje a tinham em boa imagem, mudariam rapidamente quando soubessem do caso, a ameaça de uma amiga com poucos escrúpulos morais é imediatamente reconhecida pelo grupo. E afastada do convívio. Catarina deu de ombros e adotou a falsa postura de mulher solitária e assediada que não conseguiu resistir. Helena conhecia aquela encenação e não insistiu. Conhecia Catarina e sabia que aquilo ainda ia render boas conversas com detalhes picantes e confissões em voz baixa. Deu mais um abraço na amiga, recomendou novamente discrição e foi-se embora para sua casa, para o marido e para estabilidade de seu casamento.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Somos todos culpados
A notícia sobre o seqüestro de um estudante morador da Barra da Tijuca por uma quadrilha de porteiros horrorizou a classe media do Rio de Janeiro em Maio de 2007 e estimulou o debate sobre a construção de muros , grades e guaritas erguidas para nos dar proteção.Este fato ocorreu na mesma semana que um magistrado foi acusado de estar envolvido na venda de sentenças judiciais. Inicialmente foi vinculado ao jogo de bicho e bingos. A perplexidade foi grande e tem sempre alguém que tenta explicar a venda da dignidade, colocando a culpa na ação truculenta dos bicheiros caso o meritíssimo se recusasse a aderir as suas exigências. Divulgou-se em seguida, o envolvimento dele em ações mais sofisticadas tendo como cliente um grande banco, réu em uma causa que não vem ao caso. As defesas começaram a se fragilizar e caíram por terra quando nosso magistrado foi solto por razões que fogem ao entendimento da sociedade. E os demais colegas de “equipe” continuaram presos.
Ultimamente os brasileiros tem se surpreendido com ações criminosas no âmbito da classe média. E estamos chocados.
São rapazes que surram uma mulher, trabalhadora doméstica, na Barra da Tijuca, bairro de classe média alta do Rio de Janeiro. São os assassinos do índio Galdino que foi queimado em Brasília também por rapazes da classe média. É a sádica de Goiânia, empresária, que manteve em cativeiro meninas para torturar fisicamente por mais de cinco anos. Sem falar no bebe embrulhado em um saco plástico e atirado na lagoa da Pampulha pela mãe para morrer asfixiado e afogado. E por fim, um pai que mata a filha de seis anos embora se declare inocente, com o auxílio da mulher e madrasta da menina. Isto depois de maus tratos sofridos identificados pela perícia do caso.
O pano de fundo para todos estes crimes são os sucessivos escândalos políticos nas três esferas do governo - em 2007 foi o caso Renan Calheiros, presidente do Senado, envolvido com empreiteiras, amante e filha fora do casamento. No ano anterior o escândalo foi na Câmara de deputados protagonizado pelo Severino Cavalcanti, ilustre representante de Pernambuco e conterrâneo de Lula. O poder executivo comparece com os escândalos sobre mensalão, cartões corporativos, dossiês, política de favorecimento as centrais sindicais e a todos os grupos poderosos que podem apoiar tudo isso que ai está.
Não entendemos a atitude corporativista do Judiciário e nem as explicações dos ministros do executivo convencem as classes média e as menos esclarecidas, e ambas, com posturas diferentes, assumem suas indignações diante do salve-se quem puder. A interpretação da impunidade, para uma parte da sociedade é convite para entrar no crime. Afinal, qual o risco que se corre em seqüestrar pessoas, corromper o guarda de trânsito, assassinar com requintes de crueldade, desviar dinheiro, “fazer gato”, avançar o sinal, atropelar pessoas, falsificar aposentadorias ou subornar agentes do governo? Todos são crimes, uns de menor peso social, outros de maior peso e repercussão, mas todos são crimes previstos em lei. Cadê a punição para os culpados?
Está na hora da classe média dita mais esclarecida fazer alguma coisa. Repudiar enfaticamente o comportamento revelado no episódio com o magistrado. Mude-se a legislação que protege os agentes públicos, ser apenas condenado e preso não basta, a pena tem que atingir também o que mais dói - no bolso. Mude-se a lei e que estes maus cidadãos percam suas aposentadorias quando forem culpados. E isto servirá para todas as instancias do Estado.
A classe média pode colaborar não corrompendo o guarda da esquina, denunciando os fraudadores da Previdência,os agentes públicos e votando nas pessoas de bem. É assim que se constrói uma sociedade.
Já passou da hora de exigirmos o cumprimento da lei, da ordem e da proteção que o Estado nos deve, e não aderirmos à indiferença que condena as vítimas e não os culpados. “No Brasil tem lei que pega e lei que não pega”, é uma frase de alguém que não lembro, provavelmente um político. Sua divulgação deveria ter causado a prisão de seu autor antes que a moda pegasse. O discurso sobre o problema social no Brasil é recorrente. E de fato temos um baita problema. Mas ele não explica tudo e não deve ser usado como justificativa para todos os crimes. Temos que acabar com a impunidade. E a classe média tem que se mobilizar para fazer acontecer a sociedade que merecemos.
Ultimamente os brasileiros tem se surpreendido com ações criminosas no âmbito da classe média. E estamos chocados.
São rapazes que surram uma mulher, trabalhadora doméstica, na Barra da Tijuca, bairro de classe média alta do Rio de Janeiro. São os assassinos do índio Galdino que foi queimado em Brasília também por rapazes da classe média. É a sádica de Goiânia, empresária, que manteve em cativeiro meninas para torturar fisicamente por mais de cinco anos. Sem falar no bebe embrulhado em um saco plástico e atirado na lagoa da Pampulha pela mãe para morrer asfixiado e afogado. E por fim, um pai que mata a filha de seis anos embora se declare inocente, com o auxílio da mulher e madrasta da menina. Isto depois de maus tratos sofridos identificados pela perícia do caso.
O pano de fundo para todos estes crimes são os sucessivos escândalos políticos nas três esferas do governo - em 2007 foi o caso Renan Calheiros, presidente do Senado, envolvido com empreiteiras, amante e filha fora do casamento. No ano anterior o escândalo foi na Câmara de deputados protagonizado pelo Severino Cavalcanti, ilustre representante de Pernambuco e conterrâneo de Lula. O poder executivo comparece com os escândalos sobre mensalão, cartões corporativos, dossiês, política de favorecimento as centrais sindicais e a todos os grupos poderosos que podem apoiar tudo isso que ai está.
Não entendemos a atitude corporativista do Judiciário e nem as explicações dos ministros do executivo convencem as classes média e as menos esclarecidas, e ambas, com posturas diferentes, assumem suas indignações diante do salve-se quem puder. A interpretação da impunidade, para uma parte da sociedade é convite para entrar no crime. Afinal, qual o risco que se corre em seqüestrar pessoas, corromper o guarda de trânsito, assassinar com requintes de crueldade, desviar dinheiro, “fazer gato”, avançar o sinal, atropelar pessoas, falsificar aposentadorias ou subornar agentes do governo? Todos são crimes, uns de menor peso social, outros de maior peso e repercussão, mas todos são crimes previstos em lei. Cadê a punição para os culpados?
Está na hora da classe média dita mais esclarecida fazer alguma coisa. Repudiar enfaticamente o comportamento revelado no episódio com o magistrado. Mude-se a legislação que protege os agentes públicos, ser apenas condenado e preso não basta, a pena tem que atingir também o que mais dói - no bolso. Mude-se a lei e que estes maus cidadãos percam suas aposentadorias quando forem culpados. E isto servirá para todas as instancias do Estado.
A classe média pode colaborar não corrompendo o guarda da esquina, denunciando os fraudadores da Previdência,os agentes públicos e votando nas pessoas de bem. É assim que se constrói uma sociedade.
Já passou da hora de exigirmos o cumprimento da lei, da ordem e da proteção que o Estado nos deve, e não aderirmos à indiferença que condena as vítimas e não os culpados. “No Brasil tem lei que pega e lei que não pega”, é uma frase de alguém que não lembro, provavelmente um político. Sua divulgação deveria ter causado a prisão de seu autor antes que a moda pegasse. O discurso sobre o problema social no Brasil é recorrente. E de fato temos um baita problema. Mas ele não explica tudo e não deve ser usado como justificativa para todos os crimes. Temos que acabar com a impunidade. E a classe média tem que se mobilizar para fazer acontecer a sociedade que merecemos.
domingo, 13 de abril de 2008
Quanto pior, melhor
Se vocês estão pensando que vou falar de política, enganaram-se. Vou falar de briga entre amantes , de saudade, do querer saber e ver e ao mesmo tempo odiar ouvir que o outro está muito bem, obrigado. Quanto melhor o outro está, pior você fica, o estômago se transforma em uma bola oca. A boca enche-se dágua e o coração bate loucamente a cada notícia boa sobre o ingrato.
Lembrei-me disso durante a leitura de um texto atribuído ao Miguel Fallabela. Digo atribuído porque a INTERNET é um território desconhecido, qualquer um escreve qualquer coisa, assina com o nome de alguém famoso e, pronto, roda o mundo. É o outro lado da moeda da INTERNET, o lado obscuro, impessoal e perigoso.
Mas voltando ao texto “atribuído” ao Fallabela, enquanto o lia, ia me lembrando do meu amigo Mello, morto em 1991 em um acidente de carro quando chegava a uma festa em uma boate na zona sul do Rio de Janeiro. Coisas do destino. Se ainda tivesse sido na saída da festa seria mais aceitável, após uma grande noitada, o acidente. Mas foi antes quando tudo ainda estava para acontecer. Era um sujeito interessante, meio cínico, mas uma boa e divertida companhia. Havia dado uns tiros na ex-mulher quando descobriu que ela estava namorando “outra’ que, diga-se de passagem havia sido apresentada por ele mesmo durante o período de tédio no casamento. Não teve nenhum espírito esportivo. Apesar dessa escorregada, a convivência era divertida e uma boa camaradagem se estabeleceu entre nós. Tornamo-nos bons amigos. Foi o único engenheiro que conheci que tive alguma afinidade. Sou preconceituosa quando avalio as pessoas. Engenheiro? Não combina comigo, são os sabe-tudo. Médico? Infiéis no DNA, talvez a proximidade da morte lhes dê esta urgência de viver. Gosto dos economistas e analistas de sistemas. Casei com um e estou muito feliz.
Voltando ao Mello, meu amigo dizia umas coisas interessantes. Uma delas era sobre a minha idéia sobre engenheiros. Assumia um olhar maroto e dizia ”.. engenheiros são chatos mesmo, eu também acho. Só eu que sou interessante.” Uma outra vez, filosofando em um botequim do Leblon, saiu-se com esta ”...- Quanto melhor o outro está, pior a gente fica.” Não lembro a propósito de quê teria dito isto mas achei a frase muito engraçada, uma manifestação realista das emoções vividas em uma separação. Tanto assim que dezesseis anos depois, lembrei da frase que me pareceu retumbante na ocasião. A ligação com o texto “atribuído” ao Fallabela é a melancolia narrada por este quando o amor acaba de um lado mas não do outro. Como sobreviver sem saber se ele está freqüentando o curso que tinham combinado fazer juntos? Ao mesmo tempo, a dor que se sente que sim, ele esta indo ao curso e está adorando! Até novos amigos já fez, em especial uma morena esguia e cheia de opinião, cujos trabalhos só recebem elogios de todos. Até chopp está bebendo, ele que não abria mão de um bom vinho quando saíam para aqueles jantares gostosos e a dois.
A natureza humana, no período da dor de uma separação torna-se simultaneamente masoquista e sádica. Alguns passam meses investigando o ex, como está, com quem sai, se emagreceu é porque está com saudades – a esperança reacende. Se engordou é porque esta mal, pode estar sentindo sua falta. Nesse caso, nosso astral pode até melhorar, pela teoria do Mello. Nos tornamos insensatos, rancorosos e vingativos – ta feio?... Melhor. Bateu com o carro? Bem feito. Engordou? Tomara que fique cada vez mais gordo e velho.
Mas um dia, a gente acorda e “puf”, não resta mais nada. Acabou o rancor, o envolvimento e a vontade de saber como o outro está. Passou, acabou e você nem se interessa em saber se ele está bem ou mal. Não tem mais importância. A ansiedade ficou para trás e você esta livre para viver um outro amor. Belo final , não é mesmo? O Mello também dizia isso ”....se não acabou bem é porque ainda não é o final”.
Lembrei-me disso durante a leitura de um texto atribuído ao Miguel Fallabela. Digo atribuído porque a INTERNET é um território desconhecido, qualquer um escreve qualquer coisa, assina com o nome de alguém famoso e, pronto, roda o mundo. É o outro lado da moeda da INTERNET, o lado obscuro, impessoal e perigoso.
Mas voltando ao texto “atribuído” ao Fallabela, enquanto o lia, ia me lembrando do meu amigo Mello, morto em 1991 em um acidente de carro quando chegava a uma festa em uma boate na zona sul do Rio de Janeiro. Coisas do destino. Se ainda tivesse sido na saída da festa seria mais aceitável, após uma grande noitada, o acidente. Mas foi antes quando tudo ainda estava para acontecer. Era um sujeito interessante, meio cínico, mas uma boa e divertida companhia. Havia dado uns tiros na ex-mulher quando descobriu que ela estava namorando “outra’ que, diga-se de passagem havia sido apresentada por ele mesmo durante o período de tédio no casamento. Não teve nenhum espírito esportivo. Apesar dessa escorregada, a convivência era divertida e uma boa camaradagem se estabeleceu entre nós. Tornamo-nos bons amigos. Foi o único engenheiro que conheci que tive alguma afinidade. Sou preconceituosa quando avalio as pessoas. Engenheiro? Não combina comigo, são os sabe-tudo. Médico? Infiéis no DNA, talvez a proximidade da morte lhes dê esta urgência de viver. Gosto dos economistas e analistas de sistemas. Casei com um e estou muito feliz.
Voltando ao Mello, meu amigo dizia umas coisas interessantes. Uma delas era sobre a minha idéia sobre engenheiros. Assumia um olhar maroto e dizia ”.. engenheiros são chatos mesmo, eu também acho. Só eu que sou interessante.” Uma outra vez, filosofando em um botequim do Leblon, saiu-se com esta ”...- Quanto melhor o outro está, pior a gente fica.” Não lembro a propósito de quê teria dito isto mas achei a frase muito engraçada, uma manifestação realista das emoções vividas em uma separação. Tanto assim que dezesseis anos depois, lembrei da frase que me pareceu retumbante na ocasião. A ligação com o texto “atribuído” ao Fallabela é a melancolia narrada por este quando o amor acaba de um lado mas não do outro. Como sobreviver sem saber se ele está freqüentando o curso que tinham combinado fazer juntos? Ao mesmo tempo, a dor que se sente que sim, ele esta indo ao curso e está adorando! Até novos amigos já fez, em especial uma morena esguia e cheia de opinião, cujos trabalhos só recebem elogios de todos. Até chopp está bebendo, ele que não abria mão de um bom vinho quando saíam para aqueles jantares gostosos e a dois.
A natureza humana, no período da dor de uma separação torna-se simultaneamente masoquista e sádica. Alguns passam meses investigando o ex, como está, com quem sai, se emagreceu é porque está com saudades – a esperança reacende. Se engordou é porque esta mal, pode estar sentindo sua falta. Nesse caso, nosso astral pode até melhorar, pela teoria do Mello. Nos tornamos insensatos, rancorosos e vingativos – ta feio?... Melhor. Bateu com o carro? Bem feito. Engordou? Tomara que fique cada vez mais gordo e velho.
Mas um dia, a gente acorda e “puf”, não resta mais nada. Acabou o rancor, o envolvimento e a vontade de saber como o outro está. Passou, acabou e você nem se interessa em saber se ele está bem ou mal. Não tem mais importância. A ansiedade ficou para trás e você esta livre para viver um outro amor. Belo final , não é mesmo? O Mello também dizia isso ”....se não acabou bem é porque ainda não é o final”.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Cirurgia Plástica, voce ainda vai fazer uma
Um dia, distraídos passamos em frente a um espelho qualquer e: “Epa, este rosto não me pertence, esta que me olha do espelho não sou eu!.”
Após o choque, surge a vontade de dar uma “puxadinha” ou uma “aspiradinha”. Não é verdade? Quem é a mulher de meia idade que em frente ao espelho do seu banheiro, com o trinco passado, não leva as mãozinhas ao rosto e estica as pelinhas que estão sobrando? Ou abre os olhos escondidos pelas pálpebras que teimam em cair sobre eles? O tal do bigode chinês, que horror! A ruga que vai do nariz ao queixo na perpendicular e que a ação do tempo faz da linha quase uma paralela ao queixo. Ou se olha de lado para ver em qual “degrau” esta a dita cuja. E os homens? Não são diferentes não, encolhendo a barriga e fazendo pose de halterofilista? Puxando os “pneus” para trás para lembrar como eram antes da barriguinha de chopp se instalar.
O que leva uma pessoa a se submeter a uma cirurgia plástica? Afinal de contas envolve todos os riscos de outra cirurgia qualquer. O risco da anestesia, o resultado que pode não ser o esperado, o desconforto no pós-operatório. Mas os indicadores só fazem aumentar, incluindo ultimamente o sexo masculino na pesquisa.
Na verdade, a resposta para o aumento na procura deste tipo de cirurgia está ligado a longevidade. Estamos vivendo mais, a expectativa de vida só faz subir e a mudança no paradigma da velhice – a geração da minha avó era velha aos 30 anos, é uma conjunção favorável a correções estéticas. Hoje nos recusamos a sermos velhos aos 60. Passamos a cultivar mais a saúde, fazemos caminhadas, musculação, dançamos, namoramos e participamos da vida social e política do país. Somos jovens na cabeça e na atitude diante da vida. Então, um espelho traiçoeiro aparece no nosso caminho.
“- Eu não faço, acho uma bobagem ...Além do mais temos que ter dignidade para envelhecer."
As palavras são acompanhadas em geral por uma expressão de superioridade, fazendo você se sentir frívola, perua e ridícula. Todos nós já ouvimos isso ao manifestar o desejo de uma plástica para alguma amiga ou em uma roda de conversa na piscina do clube. Em geral vem das pessoas que gostariam de fazer (e até precisariam) mas não tem coragem de admitir. Estes casos só o divã poderá resolver.
Alguns tipos de cirurgia plástica, desde o início, foram considerada como um comportamento superficial, talvez porque tenham sido praticadas de início na classe rica, pelas dondocas que não queriam envelhecer, jovenzinhas para sempre. As excluídas morriam de inveja. Depois que o custo foi reduzido, tornou-se um procedimento acessível a outras classes sociais. Atualmente até alguns hospitais públicos tem atendimento e enfermarias específicas para isso. Mas o preconceito continua. Pintar o cabelo pode, não é mesmo? Operar o nariz também, seios grandes que pesam também pode. Mas implantar silicone para aumentar não pode. Lipoaspiração é sempre seguida por um “Oh... mas você tem coragem?”Claro, existem pessoas que exageram na busca obssessiva da eterna juventude. Mas não estamos falando disso. Não estamos falando de mudanças radicais no corpo, com silicones exagerados nos peitos e glúteos ou de expressão facial com lábios a “la Angelina Jolie”, olhos asiáticos e nariz de pequinês. A medicina tem aplicado milhões em dólares em pesquisas no projeto Genoma. Um projeto que promete uma revolução na humanidade. E não será somente na questão de doenças. A estética virá na esteira dos resultados principais. E as mudanças não serão limitadas à medicina- relações sociais, trabalho e previdência serão atingidos diretamente. Mas isto é outra história.
Por que rugas se a medicina nos oferece os recursos necessários a nos mantermos esteticamente agradáveis ao olhar? Exageros a parte, sou favorável e faço parte daquele grupo que adota as tais correções. Não seremos jovens para sempre, nem a proposta da cirurgia plástica é esta . Mas sempre poderemos ser agradáveis ao olhar.
Após o choque, surge a vontade de dar uma “puxadinha” ou uma “aspiradinha”. Não é verdade? Quem é a mulher de meia idade que em frente ao espelho do seu banheiro, com o trinco passado, não leva as mãozinhas ao rosto e estica as pelinhas que estão sobrando? Ou abre os olhos escondidos pelas pálpebras que teimam em cair sobre eles? O tal do bigode chinês, que horror! A ruga que vai do nariz ao queixo na perpendicular e que a ação do tempo faz da linha quase uma paralela ao queixo. Ou se olha de lado para ver em qual “degrau” esta a dita cuja. E os homens? Não são diferentes não, encolhendo a barriga e fazendo pose de halterofilista? Puxando os “pneus” para trás para lembrar como eram antes da barriguinha de chopp se instalar.
O que leva uma pessoa a se submeter a uma cirurgia plástica? Afinal de contas envolve todos os riscos de outra cirurgia qualquer. O risco da anestesia, o resultado que pode não ser o esperado, o desconforto no pós-operatório. Mas os indicadores só fazem aumentar, incluindo ultimamente o sexo masculino na pesquisa.
Na verdade, a resposta para o aumento na procura deste tipo de cirurgia está ligado a longevidade. Estamos vivendo mais, a expectativa de vida só faz subir e a mudança no paradigma da velhice – a geração da minha avó era velha aos 30 anos, é uma conjunção favorável a correções estéticas. Hoje nos recusamos a sermos velhos aos 60. Passamos a cultivar mais a saúde, fazemos caminhadas, musculação, dançamos, namoramos e participamos da vida social e política do país. Somos jovens na cabeça e na atitude diante da vida. Então, um espelho traiçoeiro aparece no nosso caminho.
“- Eu não faço, acho uma bobagem ...Além do mais temos que ter dignidade para envelhecer."
As palavras são acompanhadas em geral por uma expressão de superioridade, fazendo você se sentir frívola, perua e ridícula. Todos nós já ouvimos isso ao manifestar o desejo de uma plástica para alguma amiga ou em uma roda de conversa na piscina do clube. Em geral vem das pessoas que gostariam de fazer (e até precisariam) mas não tem coragem de admitir. Estes casos só o divã poderá resolver.
Alguns tipos de cirurgia plástica, desde o início, foram considerada como um comportamento superficial, talvez porque tenham sido praticadas de início na classe rica, pelas dondocas que não queriam envelhecer, jovenzinhas para sempre. As excluídas morriam de inveja. Depois que o custo foi reduzido, tornou-se um procedimento acessível a outras classes sociais. Atualmente até alguns hospitais públicos tem atendimento e enfermarias específicas para isso. Mas o preconceito continua. Pintar o cabelo pode, não é mesmo? Operar o nariz também, seios grandes que pesam também pode. Mas implantar silicone para aumentar não pode. Lipoaspiração é sempre seguida por um “Oh... mas você tem coragem?”Claro, existem pessoas que exageram na busca obssessiva da eterna juventude. Mas não estamos falando disso. Não estamos falando de mudanças radicais no corpo, com silicones exagerados nos peitos e glúteos ou de expressão facial com lábios a “la Angelina Jolie”, olhos asiáticos e nariz de pequinês. A medicina tem aplicado milhões em dólares em pesquisas no projeto Genoma. Um projeto que promete uma revolução na humanidade. E não será somente na questão de doenças. A estética virá na esteira dos resultados principais. E as mudanças não serão limitadas à medicina- relações sociais, trabalho e previdência serão atingidos diretamente. Mas isto é outra história.
Por que rugas se a medicina nos oferece os recursos necessários a nos mantermos esteticamente agradáveis ao olhar? Exageros a parte, sou favorável e faço parte daquele grupo que adota as tais correções. Não seremos jovens para sempre, nem a proposta da cirurgia plástica é esta . Mas sempre poderemos ser agradáveis ao olhar.
domingo, 23 de março de 2008
ADORO FRASES
1)A leitura torna um homem completo, a conversação torna-o ágil, e o escrever dá-lhe precisão (Francis Bacon); 2) O homem que quiser conduzir a orquestra, tem que dar as costas ao público ( Max Lucado); 3)Eduquem-se as crianças para que não se tenha que punir os homens. (Aristóteles); 4) "O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons " ( Martin Luther King); 5)Para que o mal triunfe basta apenas que os homens de bem nada façam, se calem”(Edmund Burke, liberal inglês)
sábado, 22 de março de 2008
VOLTEI...
Caramba, desde do dia 16 de Dezembro de 2007 que nem olho o meu blog. Mas explico, duas cirurgias na familia, além das festas de fim de ano, férias e uma decisão difícil - aposentar ou não? Interessante, passamos boa parte da vida desejando este dia, voltar para casa e fazer do seu horário o que for mais prazeiroso. E no entanto quando o dia chega, a oportunidade de ir para casa com un$ incentivos a mais. a gente estressa. Mas decidi, aposentei-me depois de 31 anos de serviço. E quer saber, não estou nem um pouquinho arrependida, aliás estou gostando bastante, pelo menos neste inicio. Voltei até para aulas de dança - "shaking body". Mas a verdade é que perdi o ritmo que uma agenda apertada nos impõe. Quando estamos na vadiagem, ficamos......vadios, preguiçosos e indolentes. Queremos apenas matar o tempo. Tenho vontade de escrever mas deixo para depois e acabo deixando para o dia seguinte, e outro e outro. Mas estou curtindo esta nova fase, me sinto até meio baiana na maneira preguiçosa como acordo, tal como descrito com tanta graça pelo João Ubaldo Ribeiro em suas colunas de domingo, quando fala das delicias de uma rede na Ilha de Itaparica. Mas esta preguiça é por pouco tempo. Recebi um convite para fazer um curso na PUC sobre política. É tudo que eu gosto e estou tentada a voltar a ativa. Começa no final de Abril e ate lá, tem tempo......
Assinar:
Postagens (Atom)