terça-feira, 11 de janeiro de 2011

LIBERDADE E DEMOCRACIA

Aforismos, máximas ou citações sempre exerceram uma atração irresistível sobre mim. Possuo vários livros de citações e frases famosas. Talvez a preguiça de ler um livro inteiro seja uma das razões. A outra é que pela genialidade de alguns, tenho acesso a uma idéia de forma rápida e direta já que alguns livros organizam as citações por assunto.
Desde jovem tenho este hábito e algumas frases ficaram gravadas, não sei bem o porque e de vez em quando emergem quando leio sobre um assunto afim. Hoje lembrei-me de uma que me ocorre recorrentemente desde que um tal comunista italiano chamado Gramsci escreveu sobre a tomada do poder pelas vias democráticas.
A frase , que não me lembro o autor é a seguinte ”... a liberdade é imprescindível, a democracia é apenas importante”. Lembro-me que na época não percebi a sutil diferença que o autor quis transmitir. Na realidade, poucos conseguirão entender se não estiverem bem atentos as práticas institucionais do seu pais. O que me troxe estas lembranças foi a leitura de duas matérias no jornal de 1* de Janeiro de 2011. A primeira delas narra a condenação a morte de uma mulher que vive no interior do Paquistão. Pais islâmico, existe no Paquistão uma lei chamada Lei da Blasfêmia que determina a pena de morte a quem insultar o profeta Maomé. A mulher condenada a morte chama-se Ásia Bibi, tem 45 anos, é cristã e mãe de cinco filhos. Foi acusada por uma vizinha depois de uma disputa por água. Um médico está na mesma situação por ter jogado fora um cartão de visitas de um homem chamado Mohamad – nome do profeta.Segundo a matéria, desde 1986, 1.274 pessoas já foram indiciadas pelo crime de blasfêmia. A condenação a morte foi comutada mas grupos de direitos humanos denunciam mais de 30 mortes por linchamento quando os suspeitos deixaram a cadeia. Em torno de 60% são não muçulmanos. Existe um movimento para modificar tal lei mas clérigos religiosos convocaram greve geral para manter tudo como está. Um religioso radical ofereceu uma recompensa de quase US$ 6.000 a quem acabar com a vida de Ásia Bibi caso o governo não leve adiante a pena capital.
A segunda matéria trata dos refugiados da Coréia do Norte. Desde de 1995 quando a epidemia da fome matou mais de um milhão de pessoas, uma população de refugiados tenta entrar na China. Estamos tratando de um número entre 200 e 500 mil pessoas. Os que conseguiram burlar a polícia chinesa, encontraram abrigo entre os missionários das igrejas batista, metodista, e evangélica. Mais de dez anos depois, estes refugiados foram convertidos as religiões pelos missionários e estão retornando a Coréia do Norte, para converter o povo e derrubar o ditador Kim Jong-il. Claro que 90% dos que retornaram foram capturados pelo regime e já morreram.
Observe que as duas matérias tratam de religião e estado. O primeiro caso é uma teocracia, o segundo caso trata de um país comunista e ateu. Qualquer que seja o regime, é a falta de liberdade e a intolerância existente nestes países e em vários outros, muçulmanos ou não que provoca estas tragédias. Liberdade é a palavra chave para que a povo de um país tenha a garantia que o Estado serve a ele e não o contrário.

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